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domingo, 5 de maio de 2013

Rio Grande do Sul: o estado "diferente"...


       O Rio Grande do Sul sempre teve algumas características muito próprias. É um Estado que vive no limite do Brasil, no limite da América Latina e numa região de fronteira. Na sua origem, foi u

ma região muito disputada por espanhóis e portugueses. Aparentemente é o Estado que menos se parece com o Brasil. Temos essa identidade muito particular que tem algumas coisas interessantes como o jeito de falar, o uso do “tu”, uma seriedade e um certo sentimento trágico causado talvez pelas várias guerras que tivemos. Por outro lado tem algumas coisas muito ruins. Em termos culturais, por exemplo, somos muito isolados do Brasil e de coisas muito boas que o país tem. O Brasil tem uma cultura riquíssima. Basta pensar na música brasileira, nas artes plásticas, na literatura. E o Rio Grande do Sul é meio auto-suficiente.Existe a  ideia do “é melhor porque é nosso”, desse sentimento de orgulho que se manifesta até em propaganda de cerveja, de algo que é bom e que não pode sair daqui. Como se qualquer coisa que saísse daqui deixasse de ser nossa.

Tem uma música que só toca aqui, uma literatura que só sê lê aqui, um cinema bastante regional. Essa ideia de ficar louvando uma coisa porque é tua é algo que muitas vezes chega às raias do ridículo, como a prática de cantar o hino gaúcho antes de cada jogo de futebol. É um negócio bizarro. Caetano Veloso diz uma coisa engraçada sobre isso. Segundo ele, o gaúcho é a única pessoa no Brasil que se apresenta dizendo que é gaúcho, como se isso fosse uma vantagem. Ninguém se apresenta dizendo que é de Goiás, ou do Mato Grosso. E se tu fala disso logo vem alguém para te acusar de não gostar do Rio Grande.

Exemplo do que estamos falando...
Comemora-se todo ano a data de uma guerra que perdemos. É estranho. Ao mesmo tempo, temos coisas que dão orgulho mesmo, como, por exemplo, ser o Estado com o maior índice de leitores do país. Porto Alegre foi e creio que ainda é a cidade com mais salas de cinema por habitante. Temos uma qualidade de vida acima da média. Tudo isso é bom, mas o isolamento não faz sentido. É claro que é preciso preservar e divulgar aspectos da cultura local, mas a integração é hoje uma coisa quase que óbvia. O mundo está todo interligado. Qual é o sentido, então, de falar de um cinema ou de uma literatura gaúcha?

Texto retirado de uma entrevista de Jorge Furtado...

Personagens Gaúchos: Bento Gonçalves

Bento Gonçalves da Silva  foi um militar, maçom e revolucionário brasileiro, e um dos líderes da Revolução Farroupilha, que buscava a independência da província do Rio Grande do Sul do Império do Brasil.

Seus pais desejavam encaminhar o filho para a carreira eclesiástica, porém a Bento interessava mais as lides campeiras. A família mudou de idéia depois de Bento ter matado um homem negro em um duelo, o que levou seu pai a forçar Bento a assentar praça, porém a interferência de seu irmão João Gonçalves adiou o enlistamento por cinco anos.[2]
Incorporado na Companhia de Ordenanças de D. Diogo de Sousa, Bento cedo demonstrou sua vocação, ao engajar-se nas guerrilhas da primeira campanha cisplatina (1811-1812). Ao final da guerra, desincorporado como cabo, estabelece uma fazenda de criação de gado e uma casa de negócios em Cerro Largo, território uruguaio; lá conhece sua futura esposa Caetana Joana Francisca Garcia, com quem se casa em 1814 e tem oito filhos: Perpétua Justa, Joaquim, Bento, Caetano, Leão, Marco Antônio, Maria Angélica e Ana Joaquina.[2]
Na segunda campanha cisplatina (1816-1821), seu prestígio como militar se confirmou. Em 1817 foi nomeado capitão, participou das batalhas em Curales, Las Cañas (1818), Cordovez, Carumbé (1819) e Arroio Olimar (1820).[2] Em 1824 foi promovido a tenente-coronel.[2]
Na Guerra da Cisplatina ou Guerra del Brasil contra as Províncias Unidas do Rio da Prata, foi comandante de cavalaria na batalha de Sarandi, em 12 de outubro de 1825, logo depois foi promovido a coronel de 1a linha. Participou também da Batalha do Ituizangó, também chamada de batalha do Passo do Rosário (20 de fevereiro de 1827), cobrindo a retirada das tropas brasileiras.
Em 1829, pelos serviços prestados na campanha de 1825-1828 e que terminou com a independência do Uruguai, D. Pedro I nomeou Bento Gonçalves coronel de estado-maior, confiando-lhe o comando do 4° Regimento de Cavalaria de Linha e, no ano seguinte da fronteira meridional. Em 1830 recebeu o diploma da maçonaria.[2]
Em 1834, denunciado como rebelde e acusado de manter entendimentos secretos com Juan Antonio Lavalleja para a separação do Rio Grande do Sul, foi chamado à Corte, junto com João Manuel de Lima e Silva.[3] Defendeu-se perante o ministro da Guerra, foi absolvido e teve recepção triunfal no regresso à província. Os conservadores, no entanto, conseguiram a destituição de Bento Gonçalves do comando militar da Província do Rio Grande.
Foi eleito deputado provincial em 1835 na 1ª legislatura. Em 20 de abril de 1835, em plena sessão de instalação da assembléia provincial, é acusado pelo presidente da província, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, de articular a separação do Rio Grande do Sul do restante do Império.

A revolução Farroupilha 

A Revolução Farroupilha iniciou-se em 20 de setembro de 1835. No dia 25 daquele mês, o chefe militar declarou respeitar o juramento que havia prestado ao código sagrado, ao trono constitucional e à conservação da integridade do império. Em princípio, portanto, o levante não era de caráter separatista mas se dirigia contra o presidente da Província e Comandante das Armas. Mesmo assim, o Império não poderia aceitar a destituição de seus delegados - fosse por golpe ou não. Iniciava-se a luta que se estenderia por dez anos.
Na sua ausência, após retumbante vitória na Batalha do Seival, a República Rio-grandense foi proclamada pelo general Antônio de Sousa Netto em 11 de setembro de 1836.
Bento Gonçalves foi preso na Batalha do Fanfa (3 e 4 de outubro de 1836).[3] Foi mandado para a Corte e depois encarcerado na prisão de Santa Cruz e mais tarde para o Forte da Laje, no Rio de Janeiro.[3] Ali, apesar de preso, conseguiu receber visitas quase diárias de amigos e simpatizantes, também foi apresentado a Garibaldi e Rossetti.[3] Em 15 de março de 1837 em uma tentativa de fuga da prisão, Pedro Boticário não conseguiu passar por uma janela, por ser muito gordo. Em solidariedade Bento Gonçalves também desistiu da fuga, na qual escaparam Onofre Pires e o Coronel Corte Real.[3]
Guerra dos Farrapos
Depois desta tentativa de fuga foi transferido para a Bahia onde ficou preso no Forte do Mar. Lá sofreu uma tentativa de envenenamento, onde morreram um gato e um cachorro.[3] Mesmo preso, foi aclamado presidente em 6 de novembro de 1836. Permaneceu algum tempo, clandestino, em Itaparica e Salvador, onde teve contato com membros do movimento.[4] Depois de despistar seus perseguidores, que achavam que tinha partido para os Estados Unidos em uma corveta[3] , chegou, via Buenos Aires[5] , de volta ao Rio Grande do Sul e, em 16 de dezembro de 1837, tomou posse como Presidente da República.[6]
A 29 de agosto de 1838 lança seu mais importante manifesto aos rio-grandenses onde justifica as irreversíveis decisões tomadas em favor da libertação do seu povo:
Toma na extensa escala dos estados soberanos o lugar que lhe compete pela suficiência de seus recursos, civilização e naturais riquezas que lhe asseguram o exercício pleno e inteiro de sua independência, eminente soberania e domínio, sem sujeição ou sacrifício da mais pequena parte desta mesma independência ou soberania a outra nação, governo ou potência estranha qualquer.Faz neste momento o que fizeram tantos outros povos por iguais motivos, em circunstâncias idênticas.
E no trecho final, um juramento importante:
Bem penetrados da justiça de sua santa causa, confiando primeiro que tudo, no favor do juiz supremo das nações, eles têm jurado por esse mesmo supremo juiz, por sua honra, por tudo que lhes é mais caro, não aceitar do governo do Brasil uma paz ignominiosa que possa desmentir a sua soberania e independência.
Estas palavras têm reflexo mais tarde, quando da assinatura do Tratado de Poncho Verde.
Intrigas internas, num grupo desgastado pela longa guerra, em 1844, induzem Onofre Pires a destratar Bento Gonçalves, chamando-o de assassino (pelo assassinato de Paulino da Fontoura) e ladrão (das aspirações do povo, referindo-se ao teor da Constituição). Bento então convoca Onofre para um duelo, que se realiza em 27 de fevereiro de 1844. Onofre, atingido no duelo, dias depois viria a falecer por complicações advindas do ferimento.
A República Rio-Grandense teve seu fim na Paz de Poncho Verde, em 1º de março de 1845. Luís Alves de Lima e Silva - o Conde de Caxias -, general vitorioso, assumiu a presidência da Província. D. Pedro II, por sua vez, em sua primeira viagem como imperador pelas províncias do Império, foi ao Rio Grande em dezembro de 1845. Ao jovem monarca de vinte anos de idade, apresentou-se Bento Gonçalves, com seu uniforme de coronel e revestido de todas as medalhas com que havia sido condecorado por D. Pedro I, pela atuação nas campanhas militares do Primeiro Reinado.
Após o fim da revolta, Bento Gonçalves retornou para as atividades do campo sem interessar-se mais por política, Morreu dois anos depois, acometido de pleurisia, deixando viúva Caetana Garcia e oito filhos.

Personagens Gaúchos: Sepé Tiaraju

Sepé Tiaraju foi um índio guerreiro guarani, considerado um santo popular brasileiro e declarado "herói guarani missioneiro rio-grandense" pela Lei nº 12.366.




Nascido em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete Povos das Missões, foi batizado com o nome latino cristão de Joseph. Bom combatente e estrategista, tornou-se líder das milícias indígenas que atuaram contra as tropas luso-brasileira e espanhola na chamada Guerra Guaranítica.

Tal conflito inscreve-se no contexto histórico das demarcações decorrentes da assinatura do Tratado de Madrid (1750), que exigiu a retirada da população guarani aldeada pelos missionários jesuítas espanhóis do território que ocupava, havia cerca de 150 anos. A essa altura o que hoje é o Rio Grande do Sul era território espanhol, confundindo-se com o território da Banda Oriental do Rio da Prata, hoje partida em dois entre Uruguai e Rio Grande do Sul. Tal repartição se deve ao avanço luso-português, que tentava colonizar sem muito sucesso o território entre seus domínios no atual Sudeste do Brasil e o Rio da Prata. A posse da região ainda seria objeto do Tratado de Santo Ildefonso (1777) e do Tratado de Badajoz (1801).

Viviam na região dos Sete Povos das Missões (nomenclatura que se refere às 7 missões que ficaram em território português com a assinatura do Tratado de Madrid, pois haviam inúmeras outras nos territórios onde hoje se encontram Argentina e Paraguai) aproximadamente trinta mil guaranis. Somando-se os do Paraguai e da Argentina, alcançaram um total estimado de oitenta mil indígenas catequizados, que habitavam em aldeias planejadas, organizadas e conduzidas como verdadeiras cidades pelos jezuítas espanhóis. O interesse luso-brasileiro por esta extensa região deveu-se, pura e simplesmente, além da posse territorial, no gigantesco rebanho de gado, o maior das Américas, mantido por esses mesmos indígenas.

Estátua de Sepé Tiaraju

Pereceu em combate contra o exército espanhol na batalha de Caiboaté, às margens da Sanga da Bica, na entrada da cidade de São Gabriel, durante a invasão das forças inimigas às aldeias dos Sete Povos. Após sua morte pereceram aproximadamente 1.500 guaranis diante das armas luso-brasileiras e espanholas.

Por seu feito, chegando a ser considerado um santo popular, virou personagem lendário do Rio Grande do Sul, e sua memória ficou registrada na literatura por Basílio da Gama no poema épico O Uraguay (1769) e por Érico Veríssimo no romance O Tempo e o Vento. É-lhe atribuída a exclamação: "Esta terra tem dono!". Deve-se levar em conta que na época que Portugal dominou efetivamente o território onde hoje se encontra o Rio Grande do Sul, já existia no mesmo toda uma população e uma cultura nativa da terra, denominada culturagaúcha, principalmente na região da Campanha, onde hoje se encontra a fronteira com o Uruguai. Tal população sofria com as guerras pelo território entre Portugal e Espanha, para as quais era, muitas vezes, recrutada à força.

No dia 21 de setembro de 2009, foi publicada a Lei Federal 12.032/09, que traz em seu artigo 1º o texto "Em comemoração aos 250 (duzentos e cinquenta) anos da morte de Sepé Tiaraju, será inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia, o nome de José Tiaraju, o Sepé Tiaraju, herói guarani missioneiro rio-grandense."




Curiosidades sobre Sepé



Cabe ressaltar que não é considerado santo pela Igreja Católica, sendo santo popular uma expressão apenas de sua fama.

Como homenagem ao heroísmo e à coragem de Sepé Tiaraju, a rodovia RS-344 recebeu o seu nome.

Existe também no Rio Grande do Sul o município de São Sepé, nome que reflete a devoção popular pelo herói indígena.

Na cidade de São Luiz Gonzaga há uma escultura em sua homenagem, chama-se: "Sepé Tiaraju São-luizense e Missioneiro".

Veja mais nesse vídeo:


sábado, 15 de setembro de 2012

Bandeira do RS

"Segundo alguns autores, a bandeira foi desenhada em Buenos Aires, por Tito Lívio Zambeccari, republicano italiano que veio para o Rio Grande do Sul e lutou ao lado dos revolucionários, sendo braço direito do General Bento Gonçalves. Dante de Laytano, em sua obra História da República Rio-grandense, diz que a bandeira foi desenhada por João de deus, um republicano paulista.
Ainda sobre a bandeira republicana, discute-se muito o significado de suas cores, entre os tantos significados que atribuem, nós preferimos o que foi editado em 21 de Fevereiro de 1837, no jornal da época, chamado "O Republicano", que consta na obra da Revolução Cisplatina, de Alfredo Varela. Diz a nota, que o verde significa a esperança republicana de manterem a sua independência, o amarelo é um sinal de firmeza e resolução nos seus planos e o vermelho o prenúncio que lutarão contra quaisquer que o queira dominar. O Vermelho é a cor republicana.
Sobre o brasão da bandeira republicana também existem muitas controvérsias, porém, achamos que Walter Spalding, em sua obra supracitada, explica com clareza como era o verdadeiro brasão da bandeira republicana. Ele diz que o referido brasão é composto de um escudo em lisonja partida em pala de sinople. Em um paralelogramo de ouro, inscrito na parte média do escudo, um barrete frígio vermelho, sobre um punhal ou sabre, posto em pala, tendo aos lados dois ramos de louro e de erva mate. Na parte superior do escudo, uma roseta amarela e outra na parte inferior. Aos lados da lisonja, assenta sobre uma colina verde, duas colunas amarelas, também assentadas sobre colinas verdes. O todo é inscrito (inserido), num oval azul orlado de amarelo. Ao redor desse brasão, são vistos os troféus de armas e quatro bandeiras republicanas, sendo duas de cada lado, tal como a criada pelo decreto de 12 de Novembro de 1836.
Como vimos, nenhuma palavra ou frase constava no verdadeiro brasão republicano. Os dizeres: Liberdade, Igualdade e Humanidade, que aparecem nas bandeiras oficializadas a partir de 1891, nunca fizeram parte do verdadeiro brasão republicano que descrevemos.
Dois fatos no entanto devemos deixar claro, o primeiro nos dá conta que esses dizeres foram usados pelos republicanos, a partir de 1839. As comunicações feitas pelos republicanos que ocuparam Santa Catarina e proclamaram a República Juliana, começavam sempre por: Liberdade, Igualdade e Humanidade. O Outro fator diz respeito ao brasão, que apesar de ter oficialmente existido durante a revolução republicana, ele jamais foi empregado como parte integrante da bandeira oficial. Ou seja, ela nunca se afastou daquele decreto de 12 de Novembro de 1836, pelo qual fora criado. Portanto, a bandeira republicana surgiu em 1836, era quadrada, contendo aquelas cores já referidas e sem o brasão, embora este existisse oficialmente.
A propaganda republicana tomou força a partir de 1891, e seus propagandistas acrescentaram, além das palavras Liberdade, Igualdade e Humanidade, mais os dizeres República Rio-grandense, 20 de Setembro de 1835, escrito num oval de prata e orlado em amarelo. Esse erro persiste até nossos dias, aliás estes erros, além das palavras que nunca existiram na verdadeira bandeira republicana, colocaram 20 de Setembro, nessa data não ocorreu nenhum fato importante relacionado com a revolução republicana de 1835, que iniciou no dia 19 de Setembro, à noite, e à 11 de Setembro de 1836, foi proclamada a República Rio-grandense. Se os propagandistas colocassem uma dessas datas na bandeira, evidentemente que teria um motivo histórico, enquanto que no dia 20 não tem nenhum significado histórico.
Para finalizarmos o estudo sobre o brasão republicano, podemos afirmar em linguagem maçônica, que ele está "justo e perfeito".
Se não vejamos, as rosáceas que se transformarão em estrelas, são as rosáceas do Sephiroth da Cabala.
E as colunas são, Jakin e Boaz, que simbolizam na maçonaria o espírito e a matéria, respectivamente.
Portanto, no verdadeiro brasão republicano a influência da sublime instituição maçônica está presente."

O churrasco

Churrasco bom d+++
Segundo os dicionários, é o assado. Carne assada diretamente sobre as brasas, com ou sem o emprego de espeto.
Segundo Zeno e Rui C. Nunes: “em geral, no churrasco a carne é mal cozida e comida ainda meio sangrenta. É iguaria usada a mais remota antigüidade. Homero, na Ilíada e Virgílio, na Eneida, já se referiram a ela. Chama-se também churrasco, o pedaço de carne a ser assado, mesmo quando ainda cru”.
Uma coisa é certa: o rio-grandense tem uma gastronomia dependente da carne...
Os cortes tradicionais e preferidos da maioria, são a costela, o granito, a picanha, a maminha (chapéu de bispo), a chuleta a alcatra, etc.
O gaúcho, de um modo geral, comia o seu churrasco apenas com farinha de mandioca e pão.
De quando em vez, se houvesse, uma salada de tomate e cebola.
Em seu livro “A Cozinha Gaúcha na História do RS”, Dante de Laytano nos traz uma curiosa receita de churrasco: “abrir na terra um buraco; fazer nele uma fogueira, tirar as brasas e as cinzas e com o grau de calor requerido, por a carne cortada com o couro, virado músculo com músculo e o couro para fora, tudo num invólucro de papel para evitar sujeiras. Tapar o buraco com a terra e fazer outra fogueira por cima; em pouco tempo (l hora, mais ou menos) tem-se cozinhado um churrasco tenro, suculento, especial”.
Mas se o churrasco tem todo esse passado, deve ter um presente cheio de histórias... Na verdade, se uma vez dizíamos que a comida típica do Brasil era a feijoada, podemos assegurar que, em todos os quadrantes do nosso imenso território, o churrasco impera soberano. Desde a confraternização do time de futebol do Nordeste, ao encontro de família no Norte, nas recepções presidenciais, programas de fins de semana em qualquer região do Brasil, está presente o churrasco. Haja vista a quantidade espantosa de churrascarias espalhadas por todo o Brasil e o mundo, em lugares de destaque nas cidades e BRs, por esse Brasil afora.
Feito de mais de uma centena de maneiras diferentes, ele saiu dos galpões e ganhou os hotéis, restaurantes, palácios, o mundo...
Enfim, o churrasco, vale dizer, por muito tempo alimentou o homem que escreveu a história do Rio Grande do Sul... a nossa terra.

Lendas Gaúchas:Quero-Quero


 A Santa Família, na sua fuga do Egito, preferia viajar à noite, para não ser vista pelos soldados do rei Herodes, que andavam à sua procura, para matar menino Jesus.

De dia, sempre que podiam, os fugitivos entravam em alguma gruta da montanha e lá dentro, livres do calor demasiado do sol, descansavam para que, ao anoitecer, recomeçassem sua penosa jornada.
O burrico só faltava falar. Parecia entender o perigo que a Sagrada Família estava correndo. Não empacava, não ornejava, não fazia o menor ruído ao mudar os passos. É que ele sabia, que sua grande missão era conduzir sua divina carga ao salvamento.

Por outro lado, as aves, mesmo as mais afoitas ao canto, mantinham-se em silêncio, ocultas sob o dossel das ramagens. Suas vozes eram tão discretas, não passavam que cochichos e isso mesmo bem abafados, pelo caridoso desejo de não denunciar a presença dos fugitivos. Até os sapos eram como pedras entre as pedras do caminho, as rãs então, eram como folhas verdes entre as folhas verdes que boiavam nas águas mortas. Não era ouvido o seu coaxo característico.

O quero-quero, entretanto, alheio à todos esses acontecimentos, mais parecia um bicho-carpinteiro e não cessava de gritar à altos brados com a sua voz aguda:

- Quero! Quero!......

Mas aquela não era uma boa hora para "tanto querer" e Nossa Senhora e São José, repararam em seu comportamento inoportuno. Ficava parecendo que o peralta da campanha, tão barulhento, fazia o possível para que os soldados, alertados, fossem especular o que estava passando àquela altura na noite naqueles escuros e desertos caminhos...

Para castigo de ser tão inconveniente, o quero-quero acabou ficando cantando daquela maneira para sempre, alertando sem descanso o lugar onde é encontrado.

Dia 05 (cinco) de outubro é comemorado o "Dia da Ave", esses pequenos anjos que são símbolos dos estados superiores do ser e do pensamento.

Para algumas culturas milenares, os pássaros já foram considerados fadas, intermediários entre o mundo humano e divino, espíritos guerreiros reencarnados e algumas vezes, podiam adquirir aspectos de uma Deusa, como da escandinava Freya ou Rainha da ilha de Avalon Morgana, que também se metamorfoseava-se em ave.

No Rio Grande do Sul há um sentinela, um verdadeiro "cão-guardião" do nosso território, que está sempre atento, marchando pelos pampas e que pode prever com antecedência a presença de qualquer intruso: o QUERO-QUERO.

De tanto querer, o quero-quero acabou sendo consagrado como a Ave-Símbolo do Estado gaúcho pela Lei 7418 de 01/12/1980. Mas o pássaro, ainda não satisfeito, continua querendo e, segundo a voz do povo, "querer é poder", hoje é a mais cotada para tornar-se Símbolo Nacional.

A lição que fica da Lenda do Quero-Quero é que deve-se ter muito cuidado com o "querer" demais, pois para o olhar da cobiça, tudo pode ser possuído. A cobiça é uma das forças mais poderosas no mundo ocidental atual. É triste ver que as pessoas muito cobiçosas nunca possam desfrutar do que têm, pois sempre almejam possuir mais. O motor e o plano da cobiça são sempre os mesmos. A alegria é a posse, mas a posse é sempre descontente, tem uma insaciável avidez interior. A cobiça é pungente, porque está sempre obcecada e esvaziada pela possibilidade futura. Entretanto, o aspecto mais sinistro da cobiça é a capacidade de sedar e extinguir o desejo. Ela destrói a inocência natural do desejo, arrasa-lhe os horizontes e substitui-os por uma possessividade compulsiva e atrofiada. É essa cobiça que está atualmente envenenando os homens e a terra, pois o "ter" tornou-se inimigo do "ser". A corrupção em que se encontra envolvida a política nacional é um exemplo claro do que lhes digo.

As riquezas são com razão odiadas por um homem guerreiro, pois um cofre cheio impede a verdadeira glória.
De onde retirei esta lenda

Lendas de Gaúchos: o João de Barro

Contam os índios que, há muito tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza. Melhor dizendo: apaixonaram-se. Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento. O pai dela perguntou:
- Que provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da tribo?
- As provas do meu amor! - respondeu o jovem.
O velho gostou da resposta mas achou o jovem atrevido. Então disse:
- O último pretendente de minha fila falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
- Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei.
Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova.
Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo para seu amor. O tempo foi passando. Certa manhã, a filha pediu ao pai:
- Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer.
O velho respondeu:
- Ele é arrogante. Falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece.
E esperou até até a última hora do novo dia. Então ordenou:
- Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.
Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seu olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Todos se espantaram. E ficaram mais espantados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro!
E exatamente naquele momento, os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um pássaro. E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta onde desapareceu para sempre
Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro.
A prova do grande amor que uniu esses dois jovens está no cuidado com que constroem sua casa e protegem os filhotes. E os homens amam o joão-de-barro porque lembram da força de Jaebé, uma força que vinha do amor e foi maior que a morte.
de onde retirei este texto