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domingo, 5 de maio de 2013

Rio Grande do Sul: o estado "diferente"...


       O Rio Grande do Sul sempre teve algumas características muito próprias. É um Estado que vive no limite do Brasil, no limite da América Latina e numa região de fronteira. Na sua origem, foi u

ma região muito disputada por espanhóis e portugueses. Aparentemente é o Estado que menos se parece com o Brasil. Temos essa identidade muito particular que tem algumas coisas interessantes como o jeito de falar, o uso do “tu”, uma seriedade e um certo sentimento trágico causado talvez pelas várias guerras que tivemos. Por outro lado tem algumas coisas muito ruins. Em termos culturais, por exemplo, somos muito isolados do Brasil e de coisas muito boas que o país tem. O Brasil tem uma cultura riquíssima. Basta pensar na música brasileira, nas artes plásticas, na literatura. E o Rio Grande do Sul é meio auto-suficiente.Existe a  ideia do “é melhor porque é nosso”, desse sentimento de orgulho que se manifesta até em propaganda de cerveja, de algo que é bom e que não pode sair daqui. Como se qualquer coisa que saísse daqui deixasse de ser nossa.

Tem uma música que só toca aqui, uma literatura que só sê lê aqui, um cinema bastante regional. Essa ideia de ficar louvando uma coisa porque é tua é algo que muitas vezes chega às raias do ridículo, como a prática de cantar o hino gaúcho antes de cada jogo de futebol. É um negócio bizarro. Caetano Veloso diz uma coisa engraçada sobre isso. Segundo ele, o gaúcho é a única pessoa no Brasil que se apresenta dizendo que é gaúcho, como se isso fosse uma vantagem. Ninguém se apresenta dizendo que é de Goiás, ou do Mato Grosso. E se tu fala disso logo vem alguém para te acusar de não gostar do Rio Grande.

Exemplo do que estamos falando...
Comemora-se todo ano a data de uma guerra que perdemos. É estranho. Ao mesmo tempo, temos coisas que dão orgulho mesmo, como, por exemplo, ser o Estado com o maior índice de leitores do país. Porto Alegre foi e creio que ainda é a cidade com mais salas de cinema por habitante. Temos uma qualidade de vida acima da média. Tudo isso é bom, mas o isolamento não faz sentido. É claro que é preciso preservar e divulgar aspectos da cultura local, mas a integração é hoje uma coisa quase que óbvia. O mundo está todo interligado. Qual é o sentido, então, de falar de um cinema ou de uma literatura gaúcha?

Texto retirado de uma entrevista de Jorge Furtado...

Personagens Gaúchos: Bento Gonçalves

Bento Gonçalves da Silva  foi um militar, maçom e revolucionário brasileiro, e um dos líderes da Revolução Farroupilha, que buscava a independência da província do Rio Grande do Sul do Império do Brasil.

Seus pais desejavam encaminhar o filho para a carreira eclesiástica, porém a Bento interessava mais as lides campeiras. A família mudou de idéia depois de Bento ter matado um homem negro em um duelo, o que levou seu pai a forçar Bento a assentar praça, porém a interferência de seu irmão João Gonçalves adiou o enlistamento por cinco anos.[2]
Incorporado na Companhia de Ordenanças de D. Diogo de Sousa, Bento cedo demonstrou sua vocação, ao engajar-se nas guerrilhas da primeira campanha cisplatina (1811-1812). Ao final da guerra, desincorporado como cabo, estabelece uma fazenda de criação de gado e uma casa de negócios em Cerro Largo, território uruguaio; lá conhece sua futura esposa Caetana Joana Francisca Garcia, com quem se casa em 1814 e tem oito filhos: Perpétua Justa, Joaquim, Bento, Caetano, Leão, Marco Antônio, Maria Angélica e Ana Joaquina.[2]
Na segunda campanha cisplatina (1816-1821), seu prestígio como militar se confirmou. Em 1817 foi nomeado capitão, participou das batalhas em Curales, Las Cañas (1818), Cordovez, Carumbé (1819) e Arroio Olimar (1820).[2] Em 1824 foi promovido a tenente-coronel.[2]
Na Guerra da Cisplatina ou Guerra del Brasil contra as Províncias Unidas do Rio da Prata, foi comandante de cavalaria na batalha de Sarandi, em 12 de outubro de 1825, logo depois foi promovido a coronel de 1a linha. Participou também da Batalha do Ituizangó, também chamada de batalha do Passo do Rosário (20 de fevereiro de 1827), cobrindo a retirada das tropas brasileiras.
Em 1829, pelos serviços prestados na campanha de 1825-1828 e que terminou com a independência do Uruguai, D. Pedro I nomeou Bento Gonçalves coronel de estado-maior, confiando-lhe o comando do 4° Regimento de Cavalaria de Linha e, no ano seguinte da fronteira meridional. Em 1830 recebeu o diploma da maçonaria.[2]
Em 1834, denunciado como rebelde e acusado de manter entendimentos secretos com Juan Antonio Lavalleja para a separação do Rio Grande do Sul, foi chamado à Corte, junto com João Manuel de Lima e Silva.[3] Defendeu-se perante o ministro da Guerra, foi absolvido e teve recepção triunfal no regresso à província. Os conservadores, no entanto, conseguiram a destituição de Bento Gonçalves do comando militar da Província do Rio Grande.
Foi eleito deputado provincial em 1835 na 1ª legislatura. Em 20 de abril de 1835, em plena sessão de instalação da assembléia provincial, é acusado pelo presidente da província, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, de articular a separação do Rio Grande do Sul do restante do Império.

A revolução Farroupilha 

A Revolução Farroupilha iniciou-se em 20 de setembro de 1835. No dia 25 daquele mês, o chefe militar declarou respeitar o juramento que havia prestado ao código sagrado, ao trono constitucional e à conservação da integridade do império. Em princípio, portanto, o levante não era de caráter separatista mas se dirigia contra o presidente da Província e Comandante das Armas. Mesmo assim, o Império não poderia aceitar a destituição de seus delegados - fosse por golpe ou não. Iniciava-se a luta que se estenderia por dez anos.
Na sua ausência, após retumbante vitória na Batalha do Seival, a República Rio-grandense foi proclamada pelo general Antônio de Sousa Netto em 11 de setembro de 1836.
Bento Gonçalves foi preso na Batalha do Fanfa (3 e 4 de outubro de 1836).[3] Foi mandado para a Corte e depois encarcerado na prisão de Santa Cruz e mais tarde para o Forte da Laje, no Rio de Janeiro.[3] Ali, apesar de preso, conseguiu receber visitas quase diárias de amigos e simpatizantes, também foi apresentado a Garibaldi e Rossetti.[3] Em 15 de março de 1837 em uma tentativa de fuga da prisão, Pedro Boticário não conseguiu passar por uma janela, por ser muito gordo. Em solidariedade Bento Gonçalves também desistiu da fuga, na qual escaparam Onofre Pires e o Coronel Corte Real.[3]
Guerra dos Farrapos
Depois desta tentativa de fuga foi transferido para a Bahia onde ficou preso no Forte do Mar. Lá sofreu uma tentativa de envenenamento, onde morreram um gato e um cachorro.[3] Mesmo preso, foi aclamado presidente em 6 de novembro de 1836. Permaneceu algum tempo, clandestino, em Itaparica e Salvador, onde teve contato com membros do movimento.[4] Depois de despistar seus perseguidores, que achavam que tinha partido para os Estados Unidos em uma corveta[3] , chegou, via Buenos Aires[5] , de volta ao Rio Grande do Sul e, em 16 de dezembro de 1837, tomou posse como Presidente da República.[6]
A 29 de agosto de 1838 lança seu mais importante manifesto aos rio-grandenses onde justifica as irreversíveis decisões tomadas em favor da libertação do seu povo:
Toma na extensa escala dos estados soberanos o lugar que lhe compete pela suficiência de seus recursos, civilização e naturais riquezas que lhe asseguram o exercício pleno e inteiro de sua independência, eminente soberania e domínio, sem sujeição ou sacrifício da mais pequena parte desta mesma independência ou soberania a outra nação, governo ou potência estranha qualquer.Faz neste momento o que fizeram tantos outros povos por iguais motivos, em circunstâncias idênticas.
E no trecho final, um juramento importante:
Bem penetrados da justiça de sua santa causa, confiando primeiro que tudo, no favor do juiz supremo das nações, eles têm jurado por esse mesmo supremo juiz, por sua honra, por tudo que lhes é mais caro, não aceitar do governo do Brasil uma paz ignominiosa que possa desmentir a sua soberania e independência.
Estas palavras têm reflexo mais tarde, quando da assinatura do Tratado de Poncho Verde.
Intrigas internas, num grupo desgastado pela longa guerra, em 1844, induzem Onofre Pires a destratar Bento Gonçalves, chamando-o de assassino (pelo assassinato de Paulino da Fontoura) e ladrão (das aspirações do povo, referindo-se ao teor da Constituição). Bento então convoca Onofre para um duelo, que se realiza em 27 de fevereiro de 1844. Onofre, atingido no duelo, dias depois viria a falecer por complicações advindas do ferimento.
A República Rio-Grandense teve seu fim na Paz de Poncho Verde, em 1º de março de 1845. Luís Alves de Lima e Silva - o Conde de Caxias -, general vitorioso, assumiu a presidência da Província. D. Pedro II, por sua vez, em sua primeira viagem como imperador pelas províncias do Império, foi ao Rio Grande em dezembro de 1845. Ao jovem monarca de vinte anos de idade, apresentou-se Bento Gonçalves, com seu uniforme de coronel e revestido de todas as medalhas com que havia sido condecorado por D. Pedro I, pela atuação nas campanhas militares do Primeiro Reinado.
Após o fim da revolta, Bento Gonçalves retornou para as atividades do campo sem interessar-se mais por política, Morreu dois anos depois, acometido de pleurisia, deixando viúva Caetana Garcia e oito filhos.

Personagens Gaúchos: Sepé Tiaraju

Sepé Tiaraju foi um índio guerreiro guarani, considerado um santo popular brasileiro e declarado "herói guarani missioneiro rio-grandense" pela Lei nº 12.366.




Nascido em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete Povos das Missões, foi batizado com o nome latino cristão de Joseph. Bom combatente e estrategista, tornou-se líder das milícias indígenas que atuaram contra as tropas luso-brasileira e espanhola na chamada Guerra Guaranítica.

Tal conflito inscreve-se no contexto histórico das demarcações decorrentes da assinatura do Tratado de Madrid (1750), que exigiu a retirada da população guarani aldeada pelos missionários jesuítas espanhóis do território que ocupava, havia cerca de 150 anos. A essa altura o que hoje é o Rio Grande do Sul era território espanhol, confundindo-se com o território da Banda Oriental do Rio da Prata, hoje partida em dois entre Uruguai e Rio Grande do Sul. Tal repartição se deve ao avanço luso-português, que tentava colonizar sem muito sucesso o território entre seus domínios no atual Sudeste do Brasil e o Rio da Prata. A posse da região ainda seria objeto do Tratado de Santo Ildefonso (1777) e do Tratado de Badajoz (1801).

Viviam na região dos Sete Povos das Missões (nomenclatura que se refere às 7 missões que ficaram em território português com a assinatura do Tratado de Madrid, pois haviam inúmeras outras nos territórios onde hoje se encontram Argentina e Paraguai) aproximadamente trinta mil guaranis. Somando-se os do Paraguai e da Argentina, alcançaram um total estimado de oitenta mil indígenas catequizados, que habitavam em aldeias planejadas, organizadas e conduzidas como verdadeiras cidades pelos jezuítas espanhóis. O interesse luso-brasileiro por esta extensa região deveu-se, pura e simplesmente, além da posse territorial, no gigantesco rebanho de gado, o maior das Américas, mantido por esses mesmos indígenas.

Estátua de Sepé Tiaraju

Pereceu em combate contra o exército espanhol na batalha de Caiboaté, às margens da Sanga da Bica, na entrada da cidade de São Gabriel, durante a invasão das forças inimigas às aldeias dos Sete Povos. Após sua morte pereceram aproximadamente 1.500 guaranis diante das armas luso-brasileiras e espanholas.

Por seu feito, chegando a ser considerado um santo popular, virou personagem lendário do Rio Grande do Sul, e sua memória ficou registrada na literatura por Basílio da Gama no poema épico O Uraguay (1769) e por Érico Veríssimo no romance O Tempo e o Vento. É-lhe atribuída a exclamação: "Esta terra tem dono!". Deve-se levar em conta que na época que Portugal dominou efetivamente o território onde hoje se encontra o Rio Grande do Sul, já existia no mesmo toda uma população e uma cultura nativa da terra, denominada culturagaúcha, principalmente na região da Campanha, onde hoje se encontra a fronteira com o Uruguai. Tal população sofria com as guerras pelo território entre Portugal e Espanha, para as quais era, muitas vezes, recrutada à força.

No dia 21 de setembro de 2009, foi publicada a Lei Federal 12.032/09, que traz em seu artigo 1º o texto "Em comemoração aos 250 (duzentos e cinquenta) anos da morte de Sepé Tiaraju, será inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia, o nome de José Tiaraju, o Sepé Tiaraju, herói guarani missioneiro rio-grandense."




Curiosidades sobre Sepé



Cabe ressaltar que não é considerado santo pela Igreja Católica, sendo santo popular uma expressão apenas de sua fama.

Como homenagem ao heroísmo e à coragem de Sepé Tiaraju, a rodovia RS-344 recebeu o seu nome.

Existe também no Rio Grande do Sul o município de São Sepé, nome que reflete a devoção popular pelo herói indígena.

Na cidade de São Luiz Gonzaga há uma escultura em sua homenagem, chama-se: "Sepé Tiaraju São-luizense e Missioneiro".

Veja mais nesse vídeo: